Charme e boemia são os seus cartões de visita. Localizada no coração do Rio de Janeiro, a Lapa, bairro carioca de grande acessibilidade e referência turística, é considerada o centro boêmio da cidade e a mais eclética região quando o assunto é manifestações musicais – faz palco para as letras do samba, os acordes do som do nordeste, as guitarras do rock e a modernidade da música eletrônica.
Fazendo divisa com os bairros da Glória, Santa Teresa, Bairro de Fátima e Centro, a localização estratégica das ruas do bairro, que são circuladas por linhas de ônibus de vários pontos do Rio de Janeiro, e a proximidade ao metrô da Estação Cinelândia - são algumas das causas da grande demanda de visitantes turísticos e do lugar ser referência da vida noturna da cidade.
Mapa da região
A região, com seus famosos cabarés, restaurantes, bares, casas de show, nos últimos anos, tem se firmado como um reduto da juventude carioca. Com a variedade de sons, que passa pelo funk, samba de raiz, forró, rock and roll, música eletrônica, entre outros, o bairro virou atração para jovens de diversas tribos culturais. Os ritmos convivem em perfeita harmonia nas festas e casas noturnas espalhados pelas principais ruas - Mem de Sá, Riachuelo, Gomes Freire e Lavradio.
Bar Arco Íris
O bairro também é famoso pelo paisagismo peculiar e pela arquitetura arcaica. Os Arcos da Lapa, por exemplo, construídos para funcionarem como aqueduto nos tempos do Brasil Colonial e hoje ultilizado como via de acesso à Santa Teresa, são o cartão postal da região e o símbolo mais representativo do Rio Antigo. Construído em 1723, a obra arquitetônica, atualmente, vem sendo reformada e pintada, resultado do projeto de revitalização do bairro pela prefeitura, da alta especulação imobiliária e da atração de mais público para as festas e shows.
Arcos da Lapa
A beleza e o charme da Lapa não se limitam ao seu espaço territorial e à admiração de seus assíduos frequentadores. Serviu e serve, ainda, e não menos importante, à inspiração de poetas ilustres e compositores consagrados da Música Popular Brasileira. Caetano Veloso, por exemplo, em homenagem ao bairro, compôs a música intitulada “Lapa”, em que faz uma comparação do lugar com o bairro do Pelourinho, na Bahia.
Veja o vídeo com a canção:
As diversidades de ritmos, sons, artes e eventos fazem da Lapa um cenário de atração cultural e intelectual muito importante para a cidade. É lá que estão localizados, além de toda essa miscelânia artística, espaços como a Sala Cecília Meireles, que é considerada a melhor casa para concertos de música de câmara existente no Rio, a Escola de Música da UFRJ e as casas de shows Fundição Progresso e Circo Voador.
Para o sociólogo Leonardo Jorge, de 23 anos, a Lapa é uma das melhores opções para sair à noite e para realizações de shows.
- Apesar de morar em Niterói, frequento assiduamente a Lapa para encontrar amigos que moram no Rio e por ela reunir, num mesmo lugar, várias opções de lazer - como bares e casas de shows e boates num preço mais em conta que a Zona Sul e a Barra da Tijuca. Outro atrativo são os shows. Gosto muito da estrutura do Circo Voador. Por ser menor, cria-se uma intimidade maior entre a platéia e o artista. Quanto à Fundição, o palco principal não deve nada em tamanho aos outros palcos cariocas. A Lapa é assim, uma efervescência de eventos acontecendo no mesmo lugar. – diz.
Circo Voador
“Limpe os pés antes de entrar nessa lona sagrada", Herbert Vianna.
“Limpe os pés antes de entrar nessa lona sagrada", Herbert Vianna.
Tudo começou com uma verdadeira romaria de quinhentos artistas sedentos por um espaço onde pudessem mostrar sua arte. A Primeira Surpreendamental Parada Voadora saiu da Praça Nossa Senhora da Paz rumo à ponta do Arpoador para saudar a inauguração do mais novo espaço cultural da cidade, o Circo Voador.
Primeira Surpreendamental Voadora
A tenda do Circo Voador foi estendida, pela primeira vez, em janeiro de 1982 na praia do Arpoador, Rio de Janeiro. Administrado pelo produtor Perfeito Fortuna, o espaço logo se firmou como o principal celeiro de movimentos artísticos experimentais da época. Foi sob essa lona, por exemplo, que o Barão Vermelho e a Blitz foram revelados ao público. Foi lá também que surgiu um forte movimento teatral, liderado por Nelson Motta, Asdrúbal Trouxe, o Trombone, e Breno Moroni, o Chacal.
Nos tempos do Arpoador
Veja o vídeo do primeiro show da Legião Urbana no Circo Voador em 1984:
Fundição Progresso
"Fundição Progresso, eis a Lapa", Caetano Veloso.
Mais do que uma casa de espetáculos, a Fundição Progresso é um grande centro de produção e de criação artística. Localizada num prédio histórico na Lapa, ao lado do Circo Voador, é uma das mais famosas atrações do bairro – um exemplo de cultura e modernidade para a cidade do Rio de Janeiro.
Construído no século XIX, o casarão, antes de ser palco de muitos movimentos artísticos, era um antigo estabelecimento de criação de fogões e cofres. Em 1987, com a presença marcante do Circo na cidade, o prédio que hoje é a Fundição, por intermédio de uma concesão da Prefeitura e do Estado, virou um anexo do Circo Voador. Sob nova direção a partir de 1999, no entanto, ao comando de Perfeito Fortuna , o espaço desvinculou-se do Circo e tornou-se uma casa de espetáculo independente
Além de fazer palco para shows de pequeno e grande porte, a casa funciona, também, como uma fábrica de formação em diferentes áreas, como música, teatro, vídeo, cinema, dança e circo.
Como esse, um outro grande projeto da Fundição é o Núcleo de Educação e Cultura Fundição de Paz e Progresso (NEC). No intuito de oferecer uma imersão artística dentro da casa para estudantes de escolas públicas, o NEC diponibiliza gratuitamente aulas de teatro, dança, filosofia, percussão, acrobacia, cenografia e grafite para alunos de 1º e 2º ano do ensino médio.
A tenda do Circo Voador foi estendida, pela primeira vez, em janeiro de 1982 na praia do Arpoador, Rio de Janeiro. Administrado pelo produtor Perfeito Fortuna, o espaço logo se firmou como o principal celeiro de movimentos artísticos experimentais da época. Foi sob essa lona, por exemplo, que o Barão Vermelho e a Blitz foram revelados ao público. Foi lá também que surgiu um forte movimento teatral, liderado por Nelson Motta, Asdrúbal Trouxe, o Trombone, e Breno Moroni, o Chacal.
Mas a passagem do Circo pelo Arpoador durou pouco. Três meses depois, a prefeitura desmontou a estrutura e pôs fim à fase beira mar. Como alternativa, o governo da cidade disponibilizou algumas opções de terrenos onde o Circo Voador poderia ser realocado. O escolhido foi aquele situado em frente ao Arcos da Lapa. Ali seria a nova sede. Para prestigiar a nova fase, foi promovida a Segunda Surpreendamental Parada Voadora. Em outubro de 1982, o mesmo grupo de artistas tomou as ruas do bairro boêmio para festejar a reinauguração.
Foi nessa mesma época que surgiu a rádio Fluminense FM. Trata-se da primeira rádio carioca dedicada ao rock nacional. Grande aliada do Circo Voador, a rádio lançou nomes como Lobão, Paralamas do Sucesso, Legião Urbana, Kid Abelha, entre outros.
Veja o vídeo do primeiro show da Legião Urbana no Circo Voador em 1984:
No ano de 1996, para a surpresa de todos, o Circo Voador, principal palco do rock nacional, teve seu alvará cassado e foi fechado pela prefeitura. "Ninguém sabe o motivo direito, mas já ouvi dizer que foi uma questão política mesmo", diz Vivien Drumond, assessora de imprensa da casa. O que se diz é que a concessão foi retirada e o lugar interditado logo depois de um show do Ratos de Porão e do Garotos Podres. No entanto, não se tratava de um show qualquer. Naquele momento, Luiz Paulo Conde, sucessor do então prefeito César Maia, comemorava sua vitória nas eleições municipais e teve de escutar as vaias do público ali presente.
A consequência do mal estar político foi o fechamento até julho de 2004, quando foi reconstruído. O novo projeto é capaz de abrigar até 2.500 pessoas, como afirma Vivien Drumond. E mais, o Circo Voador passa a fazer parte da Área de Proteção do Ambiente Cultural dos Arcos da Lapa, como reconhecimento de sua absoluta importância para o cenário cultural da cidade do Rio de Janeiro.
Desde então, o Circo vem sendo administrado, de forma independente, pela Organização Não-Governamental Circo Voador. Mas, sob a nova direção, pouco mudou. O Circo retomou seu espaço no cenário cultural carioca. Hoje, a casa também é aberta para exposições, projetos sociais, além de oferecer diversos cursos. A lona sagrada conseguiu sair do imaginário carioca e, para a alegria de todos, voltou a se tornar realidade.
Fundição Progresso
"Fundição Progresso, eis a Lapa", Caetano Veloso.
Mais do que uma casa de espetáculos, a Fundição Progresso é um grande centro de produção e de criação artística. Localizada num prédio histórico na Lapa, ao lado do Circo Voador, é uma das mais famosas atrações do bairro – um exemplo de cultura e modernidade para a cidade do Rio de Janeiro.
Fachada da Fundição
Construído no século XIX, o casarão, antes de ser palco de muitos movimentos artísticos, era um antigo estabelecimento de criação de fogões e cofres. Em 1987, com a presença marcante do Circo na cidade, o prédio que hoje é a Fundição, por intermédio de uma concesão da Prefeitura e do Estado, virou um anexo do Circo Voador. Sob nova direção a partir de 1999, no entanto, ao comando de Perfeito Fortuna , o espaço desvinculou-se do Circo e tornou-se uma casa de espetáculo independente
Contrapondo a arquitetura antiga, a estrutura física da Fundição Progresso é contemporânea e arrojada, resultado da atual direção de arte do designer João Bird, responsável pela nova fachada e por vários projetos de melhorias internas da casa.
A casa pode acomodar, ao redor de seus dois palcos, segundo a assessora de comunicação, Letícia Gabbay, cerca cinco mil pessoas. Por lá, já se apresentaram artistas e bandas nacionais e internacionais como Caetano Veloso, Cássia Eller, Lulu Santos, Lenine, Luis Melodia, Os Paralamas do Sucesso, Los Hermanos, Franz Ferdinand, Ziggy Marley, Slayer, Manu Chao, Motorhead, Australian, Pink Floyd, Bob Sinclar, Israel Vibration, Marilyn Manson, Steel Pulse, entre muitos outros.
Público reunido no palco principal
Além de fazer palco para shows de pequeno e grande porte, a casa funciona, também, como uma fábrica de formação em diferentes áreas, como música, teatro, vídeo, cinema, dança e circo.
Ainda de acordo com Letícia, a Fundição faz sede para diversos grupos culturais desenvolverem seus projetos e ensaiarem sua arte. Tais como: o Intrépida Trupe, Armazém Cia de Teatro, Teatro de Anônimo, Filmes do Serro, Vídeo Fundição, Cia Livre de Teatro, Rio Maracatu, entre outros. A casa oferece, ainda, cursos de capacitação e qualificação profissional.
Interior da Fundição
O Concurso Nacional de Marchinhas Carnavalescas é um dos pricipais projetos da Fundição, de visibilidade nacional. Criado em 2005, o concurso acontece anualmente e ocorre entre os meses de setembro e fevereiro. Desde sua criação, mais de 4.300 composições já foram inscritas, vindas de diferentes estados brasileiros. Este ano, o homenageado foi João Roberto Kelly, um protagonista dos carnavais, criador de marchinhas como "Mulata Bossa Nova" e "Cabeleira do Zezé".
Folder do 6º concurso de marchinhas, realizado em 2010
Como esse, um outro grande projeto da Fundição é o Núcleo de Educação e Cultura Fundição de Paz e Progresso (NEC). No intuito de oferecer uma imersão artística dentro da casa para estudantes de escolas públicas, o NEC diponibiliza gratuitamente aulas de teatro, dança, filosofia, percussão, acrobacia, cenografia e grafite para alunos de 1º e 2º ano do ensino médio.
Devido a toda essa produção e acessibilidade artística, a Fundição lançou bases de exemplos para a importância de espaços destinados à cultura no Rio de Janeiro. Para Letícia Gabbay, a casa é uma referência turística e cultural na cidade e, até mesmo, no Brasil.
- A Fundição Progresso se firmou como o centro cultural mais inovador do Rio de Janeiro. O prédio é uma referência turística para a cidade e para o Brasil. E representa muito bem a diversidade de movimentos artísticos existentes na Lapa. Além de evidenciar a cultura, o folclore de uma região, seu papel social na educação, com todos os projetos que incorpora, é fundamental – diz.
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